Daniel Patrick Welch - click to return to home page


    English versions 
Arabic versions - Saudi Arabia Catalan versions Croatian versions Czech versions Danish versions Nederlandse versies Finnish versions Versions Françaises Galician versions German versions Greek versions Indonesian articles Le versioni Italiane Japanese versions Urdu versions - Pakistan Polish versions Portuguese articles Romanian versions Russian versions Serbian articles Las versiones Españolas Ukrainian versions Turkish versions

 

 

 

Nós Podemos Ganhar a Guerra no Vietnã
E outras pérolas de uma época não tão distante

por Daniel Patrick Welch

(9/03)

Eu adoro o cheiro do pântano pela manhã. Puxa vida, isto leva ao passado, não leva? A única coisa que falta dizer é que "há luz no final do túnel". Mas todo o resto já começou a esgotar-se. Nós vimos a ressurreição daquele mantra de George Orwell "ganhando a paz". Se eu fosse um pouco mais velho na época do Vietnã, o déjà vu poderia me matar.

Como está, eu tenho que contar com recursos loucos, como a história, para sentir as semelhanças estranhas sendo focadas. Não faz sentido bombardear o deserto, e não tem árvores para se esconder. No entanto, napalm teve uma repercussão surpreendente. Eles mentiram durante meses, é claro, mas a volta era garantida por causa dos personagens reciclados. Eu estou começando a pensar que nós não ouvimos mais sobre "Iraquização" (Iraquicização... Iraquição...?) porque é muito mais difícil de soletrar do que Vietnamização. O excesso de confiança do Melhor e o Mais Inteligente estão de volta com vingança, apesar de que agora com o papel de Os Homens Mais Perigosos da Terra.

É claro que podemos ganhar a guerra em [insira aqui o nome da aventura imperial perdida na qual os EUA estão atualmente envolvidos]. Estas cores não fogem! Eu gostaria de saber se remorso é mesmo uma qualidade mesmo que remotamente familiar a estes Homens de Guerra. Tendo criado uma febre de guerra entre os ingênuos com um pacote de mentiras embrulhadas em slogans nacionalistas, eles estão enviando os filhos de outras pessoas para morrerem em outro lugar longínquo. Eles se preocupam? O gelo em suas veias esquentou sequer um pouco desde os dias de recrutamento da Guerra Civil, as campanhas assalariadas do Império Britânico, os milhares de meninos sacrificados em Gallipoli no altar do nosso prédio nacional? Ahhh, é assim que você sobe de cargo do almoxarifado… se seus meninos são exterminados em uma guerra, é assim que você se torna um país!

Obviamente, a relação entre imperadores e lutadores é uma coisa que não mudou desde o Vietnã, nem por muitos anos antes. Um dos aspectos mais preocupantes do alistamento, depois de adiamentos e dispensas e similar, era a idade. Um grande clamor surgiu do fato inadequado de que jovens adultos qualificavam para lutar e morrer pelos objetivos de seu governo, mas não eram elegíveis para votar em formar aqueles objetivos. Hoje ainda, o número da prole de membros do Congresso nas forças armadas quase nem faz número. E ainda quase 40.000 soldados da linha de frente dos EUA não são cidadãos (e portanto não podem votar) - o quê o Britânico George Galloway chamou de o "Exército de Green Card" dos EUA". [US atacou com soldados 'Green Card'].

Lá trás, este horror deu início a uma emenda constitucional para garantir que nunca mais a juventude dos EUA seria enviada para morrer sem ter o quê dizer sobre o assunto. Mas é claro que as elites governantes têm maneiras de lidar com tamanha insolência, e inventou uma manobra ainda mais engenhosa: escolher daqueles que não podem votar em qualquer evento. Belo espetáculo, governantes! A coisa sobre O Povo ter o quê dizer era ainda mais fácil de dispensar. Com um Congresso sem personalidade, com os olhos vendados e ameaçando abrir mão de seu poder constitucional, o povo era dominós fáceis. Na verdade, o povo lutou mais do que a "oposição", mas no final, a Grande Mentira manteve poder o suficiente para afogar as vozes da razão.

Os neoconservadores e seus Colegas Viajantes vão gritar como isto ou aquilo é completamente diferente. Bem, uh! As únicas verdadeiras analogias estão na matemática: 2 está para 4 como 3 está para 6, e assim por diante. Todo período histórico tem as suas características culturais. Ninguém espera que o Anticristo de hoje seja um cara baixinho com cara de pateta que é adotado por grandes empresas porque elas pensam que podem fazer bobo dele, ele é… oh, espera um minuto. A única coisa que é diferente é a velocidade e intensidade com qual o projeto destinado à desgraça em questão parece estar implodindo. A não ser que comecemos a "Morning in America" de Reagan, este pôr-do-sol parece ter vindo bem rápido comparado com Vietnã.

Verdade agora, a Guerra Fria [ou insira aqui a vingança do mês] não conhece lealdade partidária. Mas isto, tristemente, é de fato um pouco diferente. Quando as coisas começaram a ir mal no Vietnã, havia um bloco antiguerra de tamanho considerável dentro do partido reivindicando ser a Tribuna do Povo. Agora, é claro, como sabemos muito bem, a "oposição", que mordeu a língua com as eleições de 2000, aparentemente gostou do gosto. Tendo votado pela guerra (ou tiveram uma má idéia, ou uma idéia insuficientemente macho, ou os planetas não estavam bem alinhados, ou sei lá!), decidiram que o verdadeiro problema é administração. Uma ocupação bem administrada pode ter sucesso: mais tropas, mais eletricidade... melhores slogans? A maioria dos Democratas, muito parecidos com suas contrapartidas realmente assustadores, está toda a favor de continuar com a ocupação, abençoe seus pequenos corações imperialistas incorrigíveis.

Vocês vêem, a ala direita sempre culpou os Democratas por não ter personalidade. A versão deles da síndrome do Vietnã era parecida com um teste geopolítico de Rorschach: não importa como era a mancha, os Democratas sempre enxergavam o Vietnã. Da maneira orgulhosa e arrogante deles, a direita sempre fez lobby por um outro Vietnã desde abril de 1975, e tentaram intimidar a oposição com analogias tolas como esta. Pouco sabiam que eles simplesmente escolheram o psiquiatra errado.

O verdadeiro bicho-papão aqui é o fictício Dr. Zilkov, o cientista russo que programou a máquina assassina no clássico Candidato da Manchúria. Angela Landsbury, em um de seus melhores papéis, atua como o agente russo que controla o personagem de Laurence Harvey. Convencido a "passar o tempo jogando paciência", o Sargento Raymond Shaw, de cérebro lavado, obedecente vira as cartas até que a Dama de Copas aparecer. Quando este gatilho é revelado, ele está destinado a seguir o plano assassino de seus treinadores, em uma transe, até seu final sanguinário.

Os Democratas não parecem perceber que a Dama de Copas já foi virada, e ao permanecer no Iraque, nós só estamos adiando a hora de sermos expulsos, coma tesouraria sendo saqueada no processo. A única "obrigação" que os EUA podem levar a sério é de desfazer os crimes de guerra cometidos pelos Cavaleiros Negros de Washington em nome do nosso povo. Prendê-los e entrega-los à Corte Criminal Internacional seria um começo, mas não pertencemos a isto. A ala direita está obviamente perdida - não faz sentido gastar tinta aí. O resto de nós deve tomar cuidado para não ser ludibriado a pensar que os iraquianos precisam de nós, exceto por pagar pelos danos por arruinar o país deles. Pense nisso, a cidade mais velha da do mundo realmente precisa da "perícia" de Paul Bremer para levantar de novo? As Nações Unidas, deixando ser usada como um braço da política dos EUA, infelizmente está igualmente manchada. Os iraquianos odeiam as Nações Unidas tanto quanto odeiam os EUA, em parte por falharem em parar a invasão, em parte pelo papel obsequioso no regime sancionador sanguinário que durou décadas que sufocou o país.

Os Republicanos, destruindo um país inteiro - não incluindo os EUA (e amenizando o fato se considerarmos que Afeganistão já era na maior parte entulho), estão perdidos. Ironicamente, eles não apenas parecem condenados a ver os EUA cometerem os mesmos erros no Vietnã, mas também virar o resto das cartas culpando as mesmas pessoas. Eles até já começaram a reclamar da imprensa - a imprensa (!) que tão obedecente se adiantou a seu pequeno exercício em loucura imperial; agora está de alguma maneira atrapalhando o florescimento de suas fantasias neoconservadores. Negação parece, uma outra marca teimosa da confusão no Vietnã, também voltou para uma segunda rodada.

 

© Daniel Patrick Welch 2003. Concedido permissão para reprodução.
Traduzido por Roman

^  Topo  ^


Daniel P. Welch mora e escreve em Salem, Massachusetts, EUA, com sua esposa, Julia Nambalirwa-Lugudde. Juntos, eles operam The Greenhouse School. Escritor, cantor, lingüista e ativista, ele apareceu na rádio [entrevista disponível aqui] e também pode estar disponível para futuras entrevistas. Artigos passados e traduções estão disponíveis em danielpwelch.com. Links ao site são bem-vindos