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De Tweedle Dick a Tweedle Dean:
Democratas Felizes Se Preparam de Perder Outra Chance

(8/03)

Alguém pensaria que o suficiente já foi dito sobre assoprar a capa liberal de Howard Dean. Muita pesquisa e verdade sobraram da esquerda, pelo menos como eu vejo, um desgosto para Dean rivalizado somente por aquilo que sinto por Joe Lieberman. A fúria tem sido tão cruel, que até mesmo a Nação (fonte original do Dean é Sem Tiro de Advertência Wellstone) sentiu que é necessário emitir uma revisão de tipos, percebendo, entre outras migalhas, que um número surpreendente de membros de equipe da Nação, alguns auto-denominados de esquerda, ainda estão presos ao Dean apesar dele ter sido colocado para fora com sucesso, ou pelo menos pensamos assim.

Uma nova mantra é que Dean está sendo "incomodado". A Nação destaca que, apesar da cobertura aparentemente favorável, a imprensa não parece gostar dele pessoalmente. Parece um pouco insincero, no entanto, culpar a mídia, cuja obsessão por Dean, e particularmente, cuja intriga está esculpindo a imagem do Dean como liberal lançou-o à frente. E ainda a classificação errada continua. Hugo Young escreve uma análise brilhante em o Guardian ("American Voters Have Two Choices: Bush or Bush-lite" ("Eleitores Americanos Têm Duas Opções: Bush ou Bush Light"). No entanto, até mesmo Young caracteriza erroneamente Dean como "o mais da esquerda de todos os candidatos". Isto é demonstravelmente falso. Muitas das posições de candidatos acompanham exatamente as linhas do quê Young parece aconselhar: que os Democratas precisam "abandonar seu apoio e suporte, e a crença deles de que ser Democrata não soma nada mais do que uma versão mais branda de seus inimigos".

Verdade, os liberais na corrida estão de fato atrás nas pesquisas, se estes valerem além de reconhecimento de nome nesta fase, e muitos estudiosos defenderão a fácil rotulagem errada qualificando que estão focados nos "candidatos viáveis". Até que uma destas campanhas renda resultados tangíveis nas primárias, continuarão sendo dispensados. Mas esta imagem quase de esquerda, cuidadosamente alimentada por aqueles que apóiam Dean, esconde suas posições verdadeiras sobre os assuntos. Mesmo se dispensarmos os liberais, o fato é que a própria retórica de Dean coloca-o como um quadrado no meio do campo triangular desprezado por Young e tantos outros, incluindo, parece, na maioria os que apóiam Dean, onde o homem deles estava sujeito ao teste cego a la Pepsi x Coca Cola.

Mas não acredite apenas na minha palavra. O Conselho da Liderança Democrática, a ala direita dos Democratas, até recentemente perseguia Dean como sendo "o tipo de centrista, Novo Governador Democrático", precisou reformar o partido (isto é, move-lo, como disse Young, "tão fora de órbita de seu rival até ficar sem sentido.") Isto é, é claro, anátema à ala esquerda do partido, como é, para não dizer a esquerda em geral. Mas longe de ser o homem da hora para resgatar o país deste asfixiante "eu também", Dean é, ao invés disto, o resumo de tudo, tanto quanto seus rivais para a nomeação. Ao tentar retratar a sua agenda mais "de esquerda" do que realmente é, Dean está deslegitimando exatamente o tipo de desafio da esquerda que talvez reviva as forças anti-Bush. Enquanto que a imprensa está geralmente focada na "raiva do Bush" do Dean, ou da sua vontade de "bater no Bush", poucos se aprofundam.

A falsa imagem de esquerda do Dean é perigosa, e apesar da quase crença fanática dos seus seguidores ao contrário, na verdade é um obstáculo para construir uma coalizão que "tomará os Estados Unidos de volta". Vá em frente e seja "duro com os criminosos", se você estiver enganado o suficiente de pensar que isto pode comprar alguns votos (brancos) no Texas (ou pior, se você realmente pensa que o problema com a maior Nação-Prisão do mundo é que estamos de alguma maneira encarcerando muito pouca gente). Apenas não finja que é algo que não é. Tente lembrar no entanto, que nós vivemos numa época onde a trama extremista em Washington roubou a eleição, em parte, ao explorar a "desfranquizição" de antigos bandidos, reais e imaginários, para chegarem onde estão. Coçar as costas destes eleitores da minoria desproporcional é um elemento principal para roubar e manter o poder, como na grande estratégia na Flórida, onde, por alquimia, transformou uma derrota numa vitória, e que lança a mesma grande sombra de racismo sobre a Velha Confederação. Com mais homens negros na prisão do que na faculdade, ser "duro com os criminosos" tem sido o código de longa data para racismo institucionalizado.

Charles Ogletree comentou, na caminhada à decisão de Michigan, que uma sociedade cujo exército é negro e cujas faculdades de direito são brancas, tem um problema sério. Aqueles que não viram os motivos morais podem pelo menos ser persuadidos por motivos demográficos e de logística que tal "dureza" depende da perspectiva, e que pisar na bola da sua própria margem de vitória tem seu lado negativo. O quê muitos de nós sente é que é mais difícil, não menos, de ganhar uma campanha tão cínica. E fazer tal é tentar levantar uma quantia obscena de dinheiro, mesmo que signifique afastar-se do único mecanismo difícil de ganhar - associar fundos com limites de gastos - este pode ser feito para resgatar o processo político do esgoto endinheirado no qual agora apodrece. E Dean está fazendo barulho exatamente sobre isto.

Isto não é pegar no pé do Howard Dean, independente do que seus protetores digam. O ponto é que Dean não é diferente de seus rivais bocudos, exceto no que diz respeito à embalagem de sua velha mensagem: um quebra-cabeças, cercado por um enigma anti-guerra, embrulhado em um mistério exagerado pela mídia. À parte que faz o sangue da esquerda ferver é que ele finge ser diferente. Nas próprias palavras dele: "Eu era um triangulador antes do Clinton ser triangulador." A mais notada de suas posições de "esquerda", a tal chamada posição anti-guerra, está também repleta de buracos. Como um executivo do estado, Dean está livre para polir (e diminuir) filosoficamente a sua opinião sobre a guerra, nunca acuado em comprometer-se a um único curso de ação.

De fora do mundo federal da responsabilidade, ele pode projetar ceticismo sobre a guerra que esconde qualquer posição verdadeira. Ele não era um ornamento em protestos antiguerra, diferentemente dos outros candidatos; ele, como Kerry, pensou ser adequado moderar as suas críticas "enquanto as tropas estivessem em terra". Mais insidiosamente, ele descansou suas críticas "antiguerra" na mesma linguagem de triangulação do resto do oposição leal (e inútil) - é que ele recebeu passe livre para tal. Ele pensou, na ocasião, na necessidade de mais tropas no Iraque, não no fim da ocupação. Ele fala com casualidade sobre a eventual diminuição e privatização dos assuntos gerenciados pelo estado do Iraque, como se Milton Friedman lhe deu aulas especiais sobre o assunto. Ele falou de seguir uma linha mais dura na Síria e no Irã, o que quer que signifique isso. Sem uma bola de cristal, é razoavelmente seguro dizer que ele quase certamente votaria na resolução da guerra juntamente com Gephardt e Kerry, ou seguiria a linha conservadora de Graham, votando contra a resolução porque não chegou longe o suficiente.

Numa entrevista para The Forward Dean tomou as dores para distanciar-se da agenda mais liberal "Paz Agora", chegando a dizer que a sua aparição representando um amigo numa função da "Paz Agora" deveria ser de maneira alguma mal entendido como promovendo a sua própria agenda. A sua própria visão, que ele ofereceu sem sugerir, estava mais próxima daquela da conservadora AIPAC, que Tikkun e outros grupos liberais veementemente opõe-se.

E piora. Com apoio qualificado para a pena de morte, uma classificação "A" do NRA, e um orgulho sem besteira em ser "duro com criminosos", é simplesmente surpreendente que o Dean e aqueles que o apóiam conseguiram evitar a pena de morte "light" do Bush, que está perseguindo os semelhantes ao Lieberman, e eu suspeito que Graham e Edwards também. Sobre liberdade civil, geralmente a vaca sagrada da política da esquerda nos EUA, Dean pode ser até mesmo pior. Ele usou a linguagem e o enfoque da direita ao dispensar questões sobre direitos civis em julgamentos criminais como "tecnicalidades" ou "bloqueios constitucionais". A sua corrida presidencial passou pela memória da população de Vermont, que o criticaram pelo quê alguns sentem que é uma destruição de sua habilidade de defender clientes pobres e indigentes [TalkLeft: More on Howard Dean and Criminal Defendants]. Sobre estes assuntos e outros, ele não consegue ficar à esquerda de um ou de muitos de seus rivais: Kerry sobre a pena de morte, Gephardt sobre saúde pública, Braun, Kucinich e Sharpton sobre tudo. Não se engane: aqueles que argumentam que o Dean é a esperança da esquerda para "tomar os EUA de volta", não estão dizendo diferentemente de suas contrapartidas nas eleições de merda do passado: calem a boca e subam a bordo; e não façam tempestade ou vocês receberão bem menos.

Talvez você possa ou não ver o partido como um todo sendo capaz de emergir de seu longo repouso para efetivamente desafiar a única regra pela direita. Talvez hajam algumas brasas ainda acesas nas cinzas do partido que uma vez abraçou a luta para acabar com a apartheid americano. O voto centro-esquerdo amplamente ignorado em 2000 ofereceu um raio de esperança, a resposta patética do partido da oposição que rapidamente desapontou.

A maioria da esquerda sente, sem pouca justificativa, que qualquer democrata que vencer o Bush terá sua agenda tão comprometida, que a guerra ao terror, a guerra às drogas, os cuidados com os pobres e o controle global de empresas enfurecerão ininterruptamente - sugerindo a noção de que derrotar o Bush é um componente necessário, mas insuficiente, desta mudança. Qualquer chance de quebrar este ciclo deve vir da esquerda, com uma agenda verdadeira e focada em pessoas, baseada em princípios e substância e não como a mera retórica da oposição. Uma coisa para a qual não precisamos de bola de cristal é agora saber que Howard Dean não é o veículo para esta alteração de rumo.

 

© Daniel Patrick Welch 2003. Concedido permissão para reprodução.
Traduzido por Roman

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Daniel P. Welch mora e escreve em Salem, Massachusetts, EUA, com sua esposa, Julia Nambalirwa-Lugudde. Juntos, eles operam The Greenhouse School. Escritor, cantor, lingüista e ativista, ele apareceu na rádio [entrevista disponível aqui] e também pode estar disponível para futuras entrevistas. Artigos passados e traduções estão disponíveis em danielpwelch.com. Links ao site são bem-vindos